Na tarde do último
dia 22 de abril, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) lançou, durante ato no
Acampamento Hugo Chávez, ao lado do Incra do DF, em Brasília, a 28ª edição da
publicação Conflitos no Campo Brasil 2012.
No ato foram
apresentados os dados de conflitos no campo no ano de 2012, que somaram 1.364,
os conflitos por terra, 1.067, e os assassinatos, que somaram 36 nesse último
ano. Um aumento de 24% em relação ao ano de 2011. Além disso, Antônio Canuto,
secretário da coordenação nacional da CPT destacou que desses assassinados, 7
já haviam recebido ameaças de morte. O que demonstra que está se cumprindo as
promessas de morte nos conflitos no campo, em detrimento da inoperância do
estado nesses casos. Além disso, Canuto destacou a impunidade que persiste em
nosso país, e que ficou clara na absolvição do mandante do assassinato do casal
de extrativista de Nova Ipixuna (PA), José Cláudio e Maria do Espírito Santo,
em julgamento realizado no início do mês de abril. O casal já havia recebido
várias ameaças de morte.
Os conflitos
pela água subiram de 68, em 2011, para 79 nesse último ano. A CPT registrou,
também, conflitos em tempo de seca em 2012. Ocorreram 36 em seis estados do
país.
Além disso,
houve um aumento expressivo no número de tentativa de assassinato. Passou de
38, em 2011, para 77 em 2012. Carlos Walter Porto Gonçalves, professor da
Universidade Federal Fluminense (UFF) destacou as comunidades tradicionais como
foco das ações de violência no campo.
Rosimeire
dos Santos, quilombola representante do Quilombo Rio dos Macacos, na Bahia,
compartilhou a situação atual do quilombo, de tensão e opressão que sofrem por
ação da Marinha. Segundo Rosimeire, “perdi pessoas da minha família e outros
quilombolas, pois não podíamos ter acesso a saúde. A Marinha nos impedia de ir
buscar atendimento”. O Quilombo vive um processo de tensão com a Marinha há
muitos anos, que não reconhece o direito deles sobre o território que ocupam há
séculos.
A
mística que abriu o ato de lançamento dos dados dos conflitos lembrou os
militantes assassinados em conflitos no campo em todo o Brasil. Dom Tomás, conselheiro
permanente da CPT, também destacou a importância da memória desses lutadores e
lutadoras, e como a ainda viva esperança daqueles que estão no acampamento Hugo
Chávez, anima a luta.
Alexandre
Conceição, da direção nacional do MST, chamou a todos, em um abraço coletivo, a
garantir a unidade da luta no campo, em prol da libertação da terra e da
garantia do direito a terra e territórios.
O ato reuniu
os militantes do MST acampados no acampamento Hugo Chávez, representantes da
CPT, da Cáritas, da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da
Contag, parlamentares, representante do Greenpeace e da Via Campesina Sul
América. Os dados do relatório já estão disponíveis no site da CPT, aqui.
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