O
Grito da Terra Pará, que trouxe a Belém lideranças de associações,
assentamentos e cooperativas ligadas à Federação dos Trabalhadores da
Agricultura (Fetagri), ontem, conseguiu avanços junto à Superintendência
Regional do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Pela manhã,
após cinco horas de reunião, o superintendente do órgão em Belém, Elielson
Silva, anunciou a contratação de assistência técnica para 30 mil novas
famílias; a licitação de obras de infraestrutura nos assentamentos, na ordem de
R$ 22 milhões; a construção de R$ 40 mil casas e a reforma de outras 9 mil até
2014, pelo programa Minha Casa, Minha Vida Rural; e a expansão do Bolsa Verde,
programa de apoio à conservação ambiental, para 20 mil famílias, ainda este
ano. Mas os manifestantes não foram recebidos pelo governador Simão Jatene,
como pretendiam. Houve um ato pacífico em frente ao Centro Integrado de Governo
(CIG), onde o vice-governador Helenilson Pontes prometeu retomar as negociações
com a categoria.
Na
véspera, os trabalhadores interditaram o trevo da Alça Viária, no acesso ao
município de Barcarena, e também a BR-316 na altura de Igarapé-Açu, para
pressionar os governos federal e estadual. Em seguida, o grupo passou a noite
acampado no pátio do Incra de Belém. Na pauta da Fetagri, estavam mais recursos
para o Incra, na ordem de R$ 500 milhões para este ano para obras de
infraestrutura nos assentamentos federais, além da criação de 20 assentamentos
estaduais ainda este ano, agilização dos licenciamentos ambientais e para a
recuperação de estradas e construção de sistemas de abastecimento água, além da
contratação de 500 técnicos para a assistência técnica por meio da Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
Pela
manhã, a Fetagri se reuniu com o superintendente do Incra por cerca de cinco
horas. "Foi possível anunciar esses investimentos por conta do
descontingenciamento de recursos anunciado pela presidente Dilma
Rousseff", anunciou Elielson.
À
tarde, os trabalhadores seguiram para o CIG, onde uma comissão foi recebida
pelo vice-governador e pelos titulares das Secretarias de Estado de Meio
Ambiente (Sema), de Agricultura (Sagri), de Segurança Pública (Segup) e de
Saúde (Sespa) e também da Emater, Instituto de Terras do Pará (Iterpa) e do
Programa Pará Rural. Do lado de fora do CIG, cerca de 70 trabalhadores fizeram
um ato bem humorado ao som de forró e dança de quadrilha, enquanto três
guarnições da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana e uma da Força Nacional
faziam a proteção do prédio.
Rodovia quase foi
fechada, mas vice resolveu receber comissão
"A
nossa determinação era nos reunirmos com o governador, mas ele anunciou que
está doente, com virose. Queremos mostrar que os acordos firmados há um ano com
os secretários dele não estão sendo cumpridos", observou o presidente da
Fetagri, Carlos Augusto Silva. Os trabalhadores ameaçavam interditar a avenida
Augusto Montenegro, em frente ao Palácio dos Despachos, quando a reunião com o
vice foi viabilizada.
Pontes
destacou o secretário especial de Desenvolvimento Econômico e Incentivo à
Produção do Estado, Sidney Rosa, para comandar o encaminhamento das pautas da
Fetagri. "Vamos sistematizar as ações por município e área de
governo", disse Rosa. A primeira reunião da mesa de negociação será na próxima
terça-feira 19, às 15 horas, no CIG, para tratar das demandas da região
Guajarina com o Iterpa. O presidente do Iterpa, Carlos Lamarão, anunciou que a
criação de 11 assentamentos estaduais este ano, mas a Fetagri não abre mão dos
20 assentamentos prometidos e ameaçou repetir as manifestações em Belém dentro
de 60 dias. "O governo está tendo espírito de diálogo. Já contratamos 220
técnicos para a Emater, mas a aquisição de mais técnicos tem limitações
administrativas e orçamentárias. Já estamos licitando a recuperação de
estradas", explicou o vice-governador.
Do Amazônia Jornal
Nenhum comentário:
Postar um comentário