terça-feira, 5 de junho de 2012

Situação de pacientes do Ophir Loyola poderá ser acompanhada por comissão externa na Alepa


O líder petista na Assembleia Legislativa do Pará, deputado Zé Maria, protocolou hoje, 05 de junho, pedido de criação de uma comissão externa para verificação da ocorrência de pessoas com câncer fazendo sessões de quimioterapia no corredor do hospital Ophir Loyola, em Belém.
            “No dia 1º deste mês, a sociedade paraense ficou estarrecida ao assistir cenas gravadas por um celular registrando pessoas com câncer fazendo sessões de quimioterapia no corredor do hospital Ophir Loyola. Fato que, mais uma vez, levou o nome do Pará, de forma negativa, ao cenário nacional”, inicia o parlamentar no documento.
            O deputado conta sobre a peregrinação de um dos pacientes: “em reportagem veiculada na mídia local, um dos pacientes disse que precisava andar de um lado para o outro para conseguir atendimento”. De acordo com especialistas em medicina, o ambiente precisa ser totalmente esterilizado, para evitar infecções. Uma das preocupações é não contaminar o cateter, que é um tubo inserido no corpo, por onde passam os medicamentos usados na quimioterapia.
            Segundo o médico oncologista, William Barra, em entrevista ao Jornal Liberal 1ª Edição, o tratamento no corredor pode comprometer a saúde dos pacientes em tratamento, já que o processo de quimioterapia reduz a resistência do sistema imunológico, que protege o ser humano de se contaminar por bactérias e fatores externos com facilidade.
            Dependendo do tipo de medicamento, uma sessão de quimioterapia pode durar até 15h. Por isso, os pacientes chegam às 7h30, horário em que a sala deste tipo de tratamento é aberta. Mas, pela demora do tratamento em alguns casos, nem sempre conseguem terminar o atendimento antes das 19h.
            A mulher de um dos pacientes obrigados a receber o tratamento no corredor, Roseli Nunes Milhomem, decidiu registrar na delegacia um Boletim de Ocorrência contra a direção do hospital. E demonstrou sua revolta: “a gente paga os nossos impostos, fazemos tudo que temos que fazer como cidadãos e quando você quer exigir do serviço, você quer ser bem atendido”.
            O diretor do Sindicato dos Médicos, João Gouvêa, demonstrou sua reprovação, ao dizer que “o paciente que tem uma doença dessa já é fragilizado. Então, ele precisa ter a sua dignidade respeitada, precisa ter um atendimento mais humanizado. E isso repercute na resposta que ele tem ao tratamento”.
            Por seu lado, o Diretor do Hospital, Vitor Moutinho, tentou justificar o injustificado. Ele disse que a sala onde os doentes fazem quimioterapia fecha às 19h e que, depois disso, quem precisa continuar a sessão é levado para o setor de urgência. Mas, segundo o diretor, na quarta-feira (30), quando as cenas foram registradas, o setor de urgência estava superlotado e que, por isso, os pacientes foram tratados no corredor. "O problema é que havia um excesso de demanda, muitos pacientes. Havia cerca de 50 e não havia um leito vago sequer. Esse é um fato isolado", disse ele.
            “Caso tão grave como este, em tese, não merece qualquer justificativa. O fato agride violentamente a dignidade humana. A pessoa que se submete a esse tipo de tratamento médico já é vitimada por uma das mais graves doenças, encontrando-se abalada física e psicologicamente. E ao ser literalmente jogada em um corredor fétido só tende a piorar seu estado” destacou Zé Maria.
            Para ele, o Legislativo paraense, como representante do povo paraense, não pode ficar acompanhando a tragédia de forma inerte, sem tomar atitudes concretas para apurar as causas, analisar as consequências e, principalmente, tomar providencias no sentido de cobrar punição aos seus responsáveis e medidas das autoridades e órgãos para que fatos dessa natureza não voltem a acontecer. “Para isto, faz-se necessário a criação de uma comissão formada por deputados a fim de acompanhar in loco os fatos que envolvem esse infeliz fato. Visitar o Hospital Ophir Loyola, ouvir os servidores, os familiares das vítimas fatais, os sindicatos de classes, órgãos fiscalizadores, para, em seguida, tomar providências que entender necessárias”, explica.

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