quarta-feira, 25 de maio de 2011

FETAGRI - Nota contra assassinato

MORTE ANUNCIADA

Na manhã desta terça feira dia 24, o casal  José Cláudio Ribeiro da Silva – Zé Cláudio e Maria do Espírito Santo Silva pais de dois filhos, ambos lideranças de agricultores agroextrativistas, se deslocavam para a cidade de Nova Ipixuna a 50 km de Marabá, quando tiveram que passar por uma ponte quebrada há 7 km de sua residencia, foram assassinadas em emboscada, por defenderem a floresta e a reforma agrária, denunciando a ação de fazendeiros e madeireiros da região, acredita-se que o crime tenha sido por  encomenda, pois foi a retirada a orelha do Zé Cláudio como forma de provar a sua execução para o mandante.
O Companheiro Zé Cláudio e sua esposa Maria eram ex-presidentes da Associação do Projeto de Assentamento Agroextrativista Praialta Piranheira – Nova Ipixuna – PA, criado em 1997, e sempre foram defensores da floresta e a anos vinham denunciando as ações dos fazendeiros e madeireiros da região que já desmataram cerca de 60% da floresta do assentamento.
Mesmo fazendo parte da lista dos marcados para morrer no Pará, nada foi feito para defender a vida do companheiro e da sua esposa, que vivam do extrativismo através da produção de perfumes, sabonetes, cremes, extração de óleo da andiroba, cupuaçu, castanha entre outros. Lutavam contra as madeireiras que atuavam na região, e foram constantemente ameaçados de morte pelos madeireiros.
A companheira Maria do Espirito Santo, estava se formando em pedagogia pela Universidade Federal do Pará – UFA, na turma de Pedagogia do Campo, na qual já havia defendido o seu Trabalho de Conclusão de Curso – TCC com o tema Meio Ambiente.
Um das últimas denuncias feitas em publico, ocorreu na ocasião de sua participação no TEDxAmamzônia que é um evento que reuniu cinquenta pensadores do Brasil e do mundo  em novembro de 2010 na cidade de Manaus, onde o companheiro Zé Cláudio afirmava que a próxima noticia que teriam dele seria a do seu assassinato, além de um documentário feito pela TV Record sobre os marcados para morrer e o desmatamento na amazônia.
A FETAGRI-PA, que tem 144 sindicatos filiados em sua base e sempre combateu a violência no campo e divulgou a lista dos marcados para morrer no Pará, mais uma vez lamenta uma morte anunciada. Para a FETAGRI-PA a violência no campo, é consequência do desmatamento feito por madeireiros e dos grandes projetos agropecuários no Estado do Pará, pela prática do trabalho escravo e pela fraude dos títulos de terras mais conhecidos como Grilagem no Campo.
A FETAGRI-PA realizou no dia 13 de maio, na Assembleia Legislativa dos Estado, um seminário sobre Violência no Campo e Combate a Grilagem, com a presença da Ouvidoria Agrária Nacional, INCRA, Secretaria Nacional de Direitos Humanos e a Ouvidoria Agrária do Estado, onde mais uma vez cobrou do judiciário e do Estado ações concretas de combate a violência e a grilagem no campo. Foram feitos depoimentos de lideranças ameaçadas de morte e o ressurgimento de forma seletiva dos assassinatos das lideranças dos Trabalhadores e Trabalhadoras rurais. Mais uma vez destacou a necessidade da segurança de vida de sua Coordenadora Regional do Sudeste Maria Joel Dias Costa que entre outras é uma das lideranças que está marcada para morrer.
A diretores da FETAGRI-PA juntamente com 20 (vinte) lideranças representantes de todas as regiões do Estado, se reuniu neste dia 24/05 as 13hs com o Secretario Estadual de Segurança Pública Dr. Luiz Fernandes, com o objetivo de cobrar do governo do Estado uma investigação rigorosa para apurar  e prender os pistoleiros e mandantes de mais um assassinato brutal dos defensores da Reforma Agrária e das Questões Ambientais. Reafirmamos que este assassinato é uma demonstração clara dos poderosos latifúndios contra a reforma agrária em nosso estado. Pedimos a imediata atuação da Policia Federal no caso, aja visto que o assentamento agroextrativista é competência da união.
Portanto reafirmamos nossa luta pela reforma agrária combatendo a violência no campo, o trabalho escravo, o desmatamento das nossas florestas e a grilagem de nossas terras, cobrando dos governos Estadual e Federal, Políticas Públicas de segurança para a concretização da Reforma Agrária.

Executiva da FETAGRI-PA

Um comentário:

  1. Companheiro Zé Maria, ótima postagem com o posicionamento da FETAGRI acerca de mais um assassinato no Pará. Forte abraço. Continuarei acompanhando seu BLOG. Seu amigo, João Carlos de Souza.
    http://blogdoprofessorjc.blogspot.com

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